sábado, 26 de novembro de 2011

Natal nas asas do Arco Iris

Imagem IA em PASTA_GER (natal asas arco-iris.jpg)             Natal nas Asas do Arco-ÍrisAlice Cardoso
Era uma vez uma cidade cinzenta. As casas, as ruas, as árvores e o rio, eram cinzentos… Todo o céu que envolvia a cidade era cinzento…
As pessoas vestiam-se com roupas em tons de cinzento e os seus rostos eram tristes e carrancudos. Andavam sempre agitadas, demasiado ocupadas e sem tempo para conversar, rir ou passear.
Jerónimo vivia na cidade cinzenta e, tal como as outras crianças, sentia-se muito triste.
O Natal estava a chegar e sempre que ele pedia aos pais para o ajudarem a escrever a carta ao Pai Natal, a resposta era:
“Não tenho tempo. Há coisas mais importantes em que pensar.”
Jerónimo não compreendia… O que poderia ser mais importante do que o Natal?
Sentado no peitoril da janela e o nariz encostado ao vidro, Jerónimo olhava o céu e observava as nuvens que passeavam lentamente sobre a cidade.
— São tão lindas! — comentava o menino, apontando para uma nuvem bem lá no alto. — Aquela parece mesmo um leão a fazer o pino! E aquela parece… um coelho a jogar à bola! Será que há alguma que pareça um elefante a andar de patins? — questionava com ar pensativo.
De repente, um enorme elefante apareceu esculpido nas nuvens!
Jerónimo olhava fascinado. Seria possível? As nuvens estariam a convidá-lo para brincar?
Decidiu aceitar o desafio e embarcar naquele jogo maravilhoso… desconhecendo que eram as artes mágicas de Ariela que modelavam as nuvens ao sabor dos seus pedidos.
Ariela era uma pequena fada muito bonita, de asas transparentes, que voava graciosamente entre o céu e a terra.
Era muito alegre e amava a natureza com toda a sua beleza e cor. Por essa razão, ficou muito curiosa quando soube da existência daquela cidade cinzenta. Porque teria perdido a cor? Como seriam os seus habitantes? As crianças seriam felizes?
Ariela voava sobre a cidade, tentando encontrar uma explicação para aquele estranho lugar, quando ouviu as palavras de Jerónimo. Para o alegrar, resolveu brincar com ele, modelando as nuvens fofas que embelezavam o céu.
A pequena fada olhava, com ternura, para o rosto do pequeno Jerónimo e pensava no que poderia fazer para tornar especial o Natal das crianças daquela cidade cinzenta.
Então Ariela começou a assobiar. De imediato, ouviram-se vários assobios em uníssono que se confundiram com o sopro do vento.
Milhares de pequenas fadas, transformadas em pontos de luz, espalharam-se por todas as casas da cidade.
Os adultos, sempre ocupados, nada viram.
De repente, ao ritmo do assobio do vento, os mesmos pontos de luz desapareceram no céu.
Ariela sorriu. As fadas conheciam os desejos de todos os meninos da cidade cinzenta e iriam transmiti-los ao Pai Natal. As crianças não ficariam sem presentes!
E os adultos? Como poderia ajudá-los? Eles tinham-se esquecido da cor… da sua essência, da sua beleza, da sua alegria, da sua magia.
Sem cor a vida é triste e vazia.
Ariela pensou, pensou… e sorriu. Depois, bateu as suas delicadas asas transparentes e voou, ligeira, até ao céu.
Era véspera de Natal. Jerónimo acordou, abriu a janela do seu quarto e ficou maravilhado. Estava a nevar. Mas não era uma neve qualquer! Flocos de todas as cores desciam lentamente do céu azul, transformando toda a cidade cinzenta numa paleta colorida.
Jerónimo viu o verde nas árvores, o prateado na água do rio, o amarelo nas flores, as cores do arco-íris nas casas, o dourado nos enfeites de Natal…
Aos poucos, as ruas foram-se enchendo de pessoas de todas as idades que vestiam roupas de todas as cores e que conversavam, corriam, saltavam, brincavam e riam. E a neve ia caindo em flocos leves e coloridos…
Lá no alto, sentadas nas nuvens, Ariela e as outras pequenas fadas moldavam os flocos de neve, pincelando-os delicadamente com as tintas do poder da fantasia e lançando-os no ar com um sopro suave.
De vez em quando, atiravam pequenos flocos umas às outras numa brincadeira alegre e divertida.
Ariela viu o pequeno Jerónimo e os seus pais fazerem um enorme boneco de neve azul com olhos verdes, boca vermelha, chapéu preto, nariz cor-de-laranja… Davam abraços e soltavam gargalhadas!
A fada viu, ainda, as pessoas a entoarem cânticos natalícios… e a desejarem umas às outras um “Feliz Natal”!
A cor voltou aos corações! — pensou Ariela.
De repente, olhou o horizonte e sorriu. O seu ouvido apurado ouviu, lá ao longe, o tilintar dos sininhos do trenó do Pai Natal!

Alice Cardoso
Natal nas Asas do Arco-Íris
Edições Nova Gaia



Por: Edeltraud F. Nering